Dhlakama não aprende dos seus erros
O Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, estão a brincar com o povo, que almeja uma paz séria, duradoura, abrangente a fim de lhe permitir produzir, desenvolver as suas actividades, movimentar-se por todo o Moçambique sem pensar que a guerra lhe pode tirar a vida.
Para que a paz seja real, sem assassinatos políticos encomendados e perpetrados por esquadrões da morte a soldo do regime e a descaracterização do outro pelo G40, é preciso que haja seriedade na forma como a questão tem sido abordada.
A paz não pode depender somente de dois indivíduos, por muito poderosos que sejam. A paz é um assunto que diz respeito a todas forças vivas da sociedade – partidos políticos com assento parlamentar, igrejas e organizações cívicas.
A paz que o povo precisa mesmo não pode estar refém a um telefonema de Nyusi para Dhlakama ou vice-versa. A vida do povo não pode depender da boa vontade de duas pessoas apenas. O povo não é rebanho de Nyusi nem de Dhlakama.
O povo sabe o caminho que leva a uma paz verdadeira e não uma paz tremida e dada aos pingos do tamanho dos seus autores.
Na verdade, a paz que o povo aspira tem que passar, necessariamente, pela revisão profunda da Constituição da República e não a estabelecida por um simples telefonema de quem quer que seja. Está mais que provado que quem, de facto, está contra a paz. Todo o povo sabe quem provoco guerras para ganhar dinheiro. Muitos já não duvidam, porque sabem quem chega a um entendimento de manhã e, ao fim do dia, chama os órgãos de comunicação para dizer tudo aquilo não passou de uma encenação, de uma ilusão porque Moçambique e o seu povo lhes pertence porque lutaram para expulsar o colono.
Enquanto as delegações do Governo e da Renamo discutiam, em Roma, Dhlakama estava sendo aldrabado, em Gaberone, capital de Botswana, por Joaquim Chissano e Robert Mugabe, por isso, houve falhanço nos a rodos de Roma. Os resultados desses acordos deram a entender que questões bastante sérias foram deixadas para trás, obrigando, assim, o país a sentar-se por cima de um barril de pólvora que, 20 anos depois, estoirou. Os guerrilheiros da Renamo foram excluídos da polícia e da secreta que, depois, passaram a perseguir e prender os combatentes da Renamo. Isso ainda continua fresco nas memórias de muita gente.
Armando Guebuza, quando se apercebeu que o seu pupilo poderia perder as eleições, mandou os seus emissários para recensearem Dhlakama estivesse onde estivesse, para que esse viesse fazer a interposição, através de um acordo fútil de cessação das hostilidades, depois de ter sido forçado a viver escondido nas matas.
Dhlakama parece não ter aprendido a lição. Agora chegou a vez de Nyusi de jogar a sua cartada de mestre. Foi à Luanda para aprender como eliminar Dhlakama. Começou por mandar montar, contra ele, duas perigosas emboscadas, na província de Manica, e um cerco à sua casa, na cidade da Beira. Neste momento, Dhlakama brinca aos telefonemas com Nyusi.
Nunca mais teremos paz se a conversa continuar no actual ritmo. Vamos de engano em engano, de aldrabice em aldrabice. A Frelimo não está interessada na paz e Dhlakama deveria entender isso. As chacinas encetadas pelos esquadrões da morte vão também ter interrupção? Os corruptos que endividaram o país serão levados à justiça? Que prazo se referem quando falam da reconciliação? A discriminação no acesso à riqueza será levantada?
Porquê Dhlakama não aprende dos seus próprios erros?!…
Edwin Hounnou